Secura ocular traz consequências desagradáveis e pode indicar doenças sérias. Mas dá para remediar o problema, tão comum na nossa população
No início era a vermelhidão. Logo depois, vieram a coceira e a sensação de que os olhos estavam cheios de areia. Um vento mais forte, ao bater no rosto, parecia empurrar estilhaços de vidro para dentro do globo ocular. Como se não bastasse, de repente a vista começou a sofrer com qualquer fonte de luz. Foi então que Cleivânia Lima de Almeida, hoje com 44 anos, descobriu ser portadora da síndrome da disfunção lacrimal.
Também chamada de síndrome do olho seco, ela é provocada por alterações na composição ou produção das lágrimas que prejudicam a lubrificação da área. “Desde o diagnóstico, há 27 anos, só saio de casa com óculos escuros. Mas pelo menos tenho um pouco de lágrima. Já conheci gente que não tem nem pra chorar”, conta a fundadora da Associação dos Portadores da Síndrome do Olho Seco, que trabalha duro pela conscientização de que a doença não é coisa menor, muito menos algo incomum — calcula-se que 18 milhões de brasileiros tenham o problema.
Entenda: a lágrima não é água salgada. “Ela tem mais ou menos 100 componentes essenciais para a limpeza e a defesa contra micro-organismos”, diz o oftalmologista José Álvaro Pereira Gomes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em uma gotícula, essas moléculas são distribuídas em três camadas: muco, água e gordura. “Quando você pisca, elas se misturam e evitam uma evaporação rápida demais”, explica o especialista.
Os sintomas aparecem em pessoas que, por várias razões, fabricam lágrimas com gordura de mais ou de menos. Isso propicia a dissipação desse líquido, deixando os olhos na secura. “O mais comum é o paciente acordar bem e sentir os desconfortos se agravarem ao longo do dia”, dá a dica Renata Rezende, oftalmologista da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/sindrome-do-olho-seco-aflige-milhoes-de-brasileiros/