Olho seco no Brasil e no mundo: por que se preocupar e como tratar.
O olho seco é um problema
A catarata por si só já interfere suficientemente na qualidade de vida de seus portadores. Mas, você sabia que a maioria dos portadores da catarata sofrem com outras complicações oculares simultaneamente? Infelizmente, é verdade – e a Doença do Olho Seco é um bom exemplo.
Aproximadamente 80% dos pacientes com catarata também possuem alguns dos sinais da Doença do Olho Seco. Afinal, ambas as doenças estão ligadas ao envelhecimento natural dos olhos. Além disso, o olho seco pode interferir na cirurgia de catarata.
Neste post apresentaremos informações básicas sobre a catarata, a doença do olho seco e detalharemos a relação entre essas duas condições tanto antes como durante e após a cirurgia de catarata.
CATARATA E OLHO SECO
A catarata tem um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes que a possuem. No entanto, é importante destacar que a maioria dos portadores de catarata também sofre com outras complicações oculares, como a Doença do Olho Seco.
Aproximadamente 80% dos pacientes com catarata também apresentam sinais da Doença do Olho Seco. Isso ocorre porque ambas as condições estão relacionadas ao envelhecimento natural dos olhos. Além disso, o olho seco pode interferir na cirurgia de catarata.
Neste artigo, vamos fornecer informações básicas sobre a catarata, a doença do olho seco e explicar a relação entre essas duas condições antes, durante e após a cirurgia de catarata.
O que é catarata?
A catarata é o processo de opacificação do cristalino, que é a lente natural do olho. O cristalino normalmente é incolor e transparente, e sua função é focalizar os objetos que enxergamos. Por diversos motivos, o cristalino pode se tornar opaco, causando a catarata. Essa condição afeta milhões de pessoas e é a principal causa de cegueira tratável no mundo.
Sintomas da catarata
Os principais sintomas da catarata incluem diminuição progressiva da acuidade visual e da visão de baixos contrastes. Além disso, os pacientes podem ter dificuldade de enxergar com pouca luz, perda parcial ou total da visão, sensibilidade à luz, visão com halos ao redor das luzes, visão dupla ou embaçada.
extremamente comum, que afeta milhões de pessoas no mundo, causando uma série de consequências médicas, sociais e econômicas. Essa doença é caracterizada pela diminuição da produção da lágrima ou deficiência em alguns de seus componentes, ou seja, pouca quantidade e/ou má qualidade da lágrima.
A síndrome do olho seco frequentemente apresenta sintomas como ardor, irritação ocular, sensação de areia nos olhos, fadiga ocular e visão embaçada no final do dia. Esse distúrbio na produção de lágrimas pode resultar em áreas secas na superfície da conjuntiva e córnea, aumentando o risco de complicações, como úlceras na córnea e diminuição da visão.
Novas pesquisas revelam que a prevalência da síndrome do olho seco é maior do que se pensava anteriormente. Recentemente, conduzimos um estudo (Estudo da Prevalência e Fatores de Risco para a Doença do Olho Seco no Brasil: o Estudo do Olho Seco em São Paulo. Arq Bras Oftalmol 2022) focado na prevalência da síndrome do olho seco na cidade de São Paulo. Os resultados são consistentes com a maioria dos estudos realizados globalmente, demonstrando uma prevalência de 24% na população. Observamos que o problema é mais comum em mulheres e que existem fatores associados, como idade, hipertensão e uso de medicamentos tópicos.
Outro estudo recentemente publicado pelo nosso grupo (Prevalência da Síndrome do Olho Seco e Principais Fatores de Risco entre Estudantes de Graduação no Brasil. Plos One 2021) avaliou mais de 2000 estudantes da UNICAMP e UNIFESP. Os resultados indicaram que 23% dos estudantes apresentaram sintomas ou histórico prévio de diagnóstico de síndrome do olho seco, também com maior incidência em mulheres. Alguns fatores de risco identificados incluem tempo de uso de computador/celular, horas de sono inferiores a 6 horas, uso de contraceptivos orais e uso de lentes de contato.
O tratamento do olho seco depende do tipo e da gravidade da condição, que deve ser diagnosticada por um médico oftalmologista. O objetivo do tratamento é aliviar os sintomas, manter a quantidade adequada de lágrimas e preservar a integridade da superfície ocular.
Causas da catarata
Existem várias causas para o desenvolvimento da catarata. As principais são:
- Envelhecimento: é o fator mais comum, geralmente ocorrendo após os 60 anos.
- Congênita: quando a criança nasce com catarata, que pode ser causada por infecções intrauterinas ou má formação do globo ocular.
- Traumática: ocorre após um trauma no olho e normalmente afeta apenas um dos olhos. Mesmo sem perfuração do olho, um trauma contuso pode levar à opacidade do cristalino.
- Defeitos metabólicos: a catarata induzida pela diabetes é a mais comum nesse caso, geralmente iniciando-se em uma idade precoce e causando uma perda visual mais rápida do que a catarata relacionada ao envelhecimento.
- Secundária a medicamentos: ocorre devido ao uso de certos medicamentos, principalmente corticoides tópicos, quando usados por longos períodos.
- Secundária a inflamações, como uveítes e outras doenças inflamatórias do globo ocular.
- Iatrogênicas: surgem como efeitos e complicações de tratamentos médicos, como o uso prolongado de corticoides tópicos e outras cirurgias intraoculares.
- Ou relacionadas a outros problemas oculares.
Tratamento da catarata
A única forma eficaz e resolutiva de tratar a catarata é através da cirurgia. Até o momento, não existem outros métodos cientificamente comprovados de tratamento.
Existem várias técnicas para a cirurgia de catarata, que podem ser classificadas em dois grupos principais: extração extracapsular e facoemulsificação. Ambas as técnicas envolvem o implante de uma lente intraocular para substituir o cristalino opaco.
A extração extracapsular é realizada através de uma grande incisão no limbo corneano para remover a cápsula anterior, retirar o cristalino opaco e substituí-lo pela lente intraocular.
A facoemulsificação, que também pode ser realizada com o uso de Laser de Femtosegundo, é a técnica cirúrgica mais avançada para corrigir a catarata. Essa técnica utiliza o princípio do ultrassom para fragmentar e aspirar a catarata através de uma pequena abertura no olho. Após a remoção do cristalino opaco, uma lente intraocular é colocada para corrigir o foco visual. A reposição das lágrimas é feita com o uso de colírios lubrificantes pouco tóxicos nos casos mais leves e géis com ação prolongada. Também estão disponíveis produtos mais avançados que ajudam a reconstituir todas as camadas do filme lacrimal e que contêm substâncias que auxiliam no processo de cicatrização da córnea. Em alguns casos, medicamentos orais, como a pilocarpina, podem ser usados para estimular a produção de lágrimas.
Para casos mais persistentes, pode ser necessário oclusão temporária ou permanente dos pontos lacrimais, a fim de manter as lágrimas em contato com a superfície ocular por mais tempo. O uso de anti-inflamatórios tópicos, como corticosteroides de última geração e outros agentes imunomoduladores, além de uma dieta rica em ômega-3 encontrado no óleo de linhaça e peixe, têm mostrado resultados promissores em casos associados à inflamação.
No caso do olho seco do tipo evaporativo, que está relacionado a problemas nas glândulas palpebrais responsáveis pela produção da parte lipídica das lágrimas, o tratamento inclui compressas mornas e limpeza das pálpebras utilizando xampu neutro diluído, além do uso de tetraciclina tópica. Em casos mais persistentes, pode ser necessário o uso de tetraciclina sistêmica ou seus derivados. Outras medidas incluem o uso de óculos com laterais fechadas ou óculos de natação para criar uma câmara úmida, o uso de um umidificador para manter a umidade nos ambientes e evitar locais com ar-condicionado ou ventiladores.
Recentemente, foram desenvolvidos dispositivos de alta tecnologia para o tratamento do olho seco evaporativo em caso de disfunção das glândulas de Meibomius, incluindo a Luz Pulsada, Lipiflow, i-Lux, Terapia Fotomoduladora e Plasma.
Em casos mais graves, como na ceratoconjuntivite cicatricial, como a Síndrome de Stevens-Johnson e o Penfigoide, podem ser necessários procedimentos cirúrgicos, como a tarsorrafia e transplante de conjuntiva, mucosa labial ou até mesmo glândulas salivares.
A dica mais importante é procurar um oftalmologista se apresentar sintomas de irritação ocular, sensação de areia nos olhos e visão embaçada que melhora ao piscar.
O que é a doença do Olho Seco
A Doença do Olho Seco, também conhecida como síndrome do olho seco, é uma condição em que os olhos não produzem lágrimas suficientes ou quando as lágrimas não possuem a composição adequada para manter os olhos lubrificados. Isso pode causar desconforto, irritação, vermelhidão, sensação de areia nos olhos, sensibilidade à luz e visão embaçada. A doença do olho seco pode ser causada por diversos fatores, como envelhecimento, uso prolongado de telas digitais, alterações hormonais, doenças autoimunes, efeitos colaterais de medicamentos, entre outros. O tratamento geralmente envolve o uso de lágrimas artificiais ou medicamentos para aumentar a produção de lágrimas.